
Tapioca, mingau, moqueca e paçoca são exemplos de comidas habituais que não temos ideia que são de origem indígena. A culinária brasileira é composta das mais diversas culturas, uma mistura de ingredientes europeus, africanos e nativos. Nosso prato é resultado dessa diversidade e riqueza cultural.
A culinária nativa é uma parte da cultura e da história do nosso país e é fundamental valorizar e reconhecer seu valor. “É identidade brasileira. A culinária nativa é muito saudável e rica em vitaminas. É necessário enfim manter a diversidade de alimentos, porque é assim quem ganha é o Brasil”, diz Junior Okario’i, fotógrafo e indígena do povo Tapirapé, em entrevista exclusiva ao AnaMaria Receitas.
Ainda há muito no que se inspirar em relação à cultura indígena, como por exemplo, a coleta de frutas e plantas e a caça, que é feita de acordo com a época do ano de maneira sustentável. Esses hábitos são o que garantem saúde e uma alimentação natural, em um país que é líder no uso de agrotóxicos.
Os ingredientes básicos da culinária indígena incluem a macaxeira, milho, peixe e carnes de caça, além de uma enorme variedade de legumes, frutas e plantas nativas. A macaxeira em especial, ou mandioca, ou aipim é, afinal, o alimento mais importante para a maior parte das tribos indígenas, pode ser utilizada em bolos, tapiocas, beijus ou em farinha.
“A terra para nós é sagrada, consideramos como mãe, é nela que produzimos nosso alimento”, continua Okario’i. Os povos indígenas brasileiros têm uma relação forte e próxima com a natureza e com a terra que habitam, a comida é apenas uma das formas de expressar essa relação. Os alimentos são valorizados não apenas pelo seu valor nutricional, mas também por sua relevância simbólica e cultural.
Para eles, o alimento cria um laço com os antepassados de cada aldeia. Bem como nós criamos memórias afetivas por trás de uma comida, os indígenas reafirmam as suas ancestralidades e mantêm viva a lembrança da tribo por meio desses hábitos culinários. Deixando claro o pertencimento deles no território que sempre ocuparam.
Experimente!
Júnior Okario’i ainda dá uma recomendação para aqueles que querem explorar ainda mais os sabores nativos: Peixe com folha de bananeira.
Para fazer você vai precisar:
- 1 pacu inteiro limpo (2 kg)
- 2 colheres (sopa) de suco de limão
- 3 colheres (sopa) de óleo
- 2 cebolas raladas
- 2 dentes de alho amassados
- 1 e meia xícara (chá) de farinha de mandioca crua
- 1 xícara (chá) de salsa picada
- 1 folha de bananeira grande
- Tempero a gosto
Em um recipiente, tempere o peixe com temperos de sua preferência e com o suco de limão. Reserve. Em uma panela, junte a colher de óleo e refogue o alho e a cebola. Junte a farinha de mandioca, a salsa e mexa até dourar. Recheie o peixe com a farofa. Lave muito bem as folhas de bananeiras, unte com óleo. Enrole o peixe com as folhas e leve ao forno a 180°. Retire do forno e aproveite!